Afal

Terrenos

Afal
Nosso povo não se preocupa com status no centro
Apenas quer seu barraco num pedaço de terreno
Apenas quer viver em paz e cuidar da família
Marginal denominado próprio da perifa
Nem quer saber de spa de restaurante cinco estrelas
E da graças a já pôr ter arroz na mesa
É o problema regional daqui que arrebenta
Que faz sonhar com o carro forte, puta e ponto quarenta
É a necessidade loca de pagar de mizuno
De terminar o ensino médio e seguir os estudos
Numa facul de igual pra igual sem chamar a atenção
Com seu jeito sua fala sua situação
Marginalizados adaptados assim
Sem cultura sem lazer sem um lugar pra sair
O crime adotam pessoas que eram profissionais
No mercado de trabalho e hoje ganha mais
Trabalha bem com quadrada oitão de três janela
E compra bala dos policias com as notas amarelas
Num a gambé que resista quando eles filma a cota
Esquece do juramento do seu papel nessas hora
E vai financiando a morte instantânea pra nós,
Depois chega no terror quando a bala acerta um boy
É irônico pá porra ver as campanhas de paz
Os artistas de branco com um texto nada eficaz
Num comove ninguém porque a realidade é outra
Quem anda de blindado não conhece as pessoas
Quem gasta dólar com roupa num sabe o que nós passa
Fim de semana em paris e nós nessa batalha
No extremo limite fronteira do desespero
E vai perdendo a cabeça no bar ou no isqueiro
O dia inteiro
Os manos do gueto
No veneno
Vão cedendo
O espírito guerreiro
E os poucos se perdendo
Dentro
De seu próprio

Terrenos, da alma se perdeu
Terrenos, do mundo não é seu
Te prendeu
Terrenos verticais
Barracos que não caem pôr Deus

O salário recebido aqui mal da pra pagar as contas
Rala o mês inteiro e logo foge as sete onça
Paga a luz, paga a água
Paga o dinheiro emprestado na quebrada
E vem gás e vem conta o mercado lá da vila
No sobra nem um conto pá sair com a família
E tipo um robozinho vamos seguindo o sistema
Mais se num da um trampo ai piora os problemas
Que dificuldade vamos enfrentar
Quando os anos for passando e as décadas fica
Marginal é chamado quem nasce aqui
Marginal sem direito de ir e vir
Os pensamentos já não fusiona mais
Sistema eficaz
Formam marginais
Pra ser destaque dos principais jornais
Eu sei bem o que deseja esse povo
Não vou trair meu povo
Não vou largar meu posto
Uma década de sufoco
De luta comunitária
Eu e os camarada da área na caminhada
Presenciei o tão sonhado asfalto
Centenário de buracos
Reclamações do bairro
Desacreditados
Hoje realizados
Mais construído as presas
Pra causar boa impressão aos moradores dela
Sem esgoto sem água fluvial
É normal
Primeira enxurrada decepção visual
Mais aí o voto já se foi
E a conseqüência vem anos depois
Dormi na fila de hospital
Sem dinheiro e o filho passando mal
E a incerteza do atendimento que vaga na mente mãe matriarcal
Ser marginal pela distancia do centro
Mó temporal atentos
Aos deslizamentos
Da alma e dos terrenos
Que vivemos
Vivemos mais muitos não estão querendo viver
Uma decepção arrasa você

Terrenos, da alma se perdeu
Terrenos, do mundo não é seu
Te prendeu, terrenos verticais
Barracos que não caem, pôr Deus

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