Seresta

Olhos de areia de formar vidraça
Rosto, cabeleira suja a verde mata
No sangue o refluxo do rio Paraná
As aves cantam mais:
Morreu um sabiá.
Vento varejeiro de fazer fumaça
Corpo movediço de afundar cachaça
Canta para o céu
Canta para o mar
Ouve a gota escura cair da lua
- manda ela parar de chorar com a música
corre vaga-lume da maré vermelha
vem iluminar a minha casa inteira
pra ver o violão
com luz de caminhão
tocar uma canção rasteira
pare os automóveis a cidade inteira
ruídos de klaxon na zona velha
paredes de néon
barulho de néon
pessoas que brilhavam pretas
- manda ela parar de chorar com a música