Afro-indígena

Você não perdeu a chance
E com uma rasteira me deixou no chão
Eu lembro que naquela ladeira
Uma vida inteira te arrastei pelas mãos

Seu dinheiro, tantas posses,
O poder sempre lhe segou
Ligando pra marcas, carros importados
Seu coração sucumbiu, não vale meus poucos centavos,
Não vale, não

Suas raízes são afro indígenas
Mas você as sufoca, tem vergonha, quer renegar
Sua alma gritando guaraná, quer sambar
Você só quer se for de marca,
E não perde essa pose besta

Você não perdeu a chance
Com sua arrogância sempre me humilhou
Tão simples com minhas alpercatas
Você com seus mais de cem pares, quase mil gravatas

Seus iates e mercedes,
A sua piscina é maior que minha casa
Você decide o restaurante francês ou italiano
Eu esquento o almoço pra comer no jantar,
Arroz e feijão