Ana salvagni

Maricota

Ana salvagni
Vô mandá fazê uma casa
Pra alugá pra Maricota
Na beira daquele rio
Pertinho de uma barroca
Esteio de pau de imbira
As viga são de taboca

Por ela ser bonitinha
Cada passo me provoca
Passarinho quando é manso
Se caça inté de bodoque
Por isso eu tenho a esperança
Que a tar tá quase no bote

Primeira vez que eu vi ela
Foi na estação de São Roque
Num baile dançemo junto
Que eu estive feito sócio
Dancei com ela uma noite
Mazurca, quadría e xóte

Dancei com ela uma varsa
Que ela me trazia aos trote
Me dando todo sinar
Me tratando eu de pixote
Eu fiquei morto de sede
Sem podê chegá no pote

O dia que eu me apreparo
Que carço o meu par de bota
Eu vô pará lá de fronte
Da casa da Maricota
Eu vejo ela me oiando
Pro buraquinho da porta

De repente eu digo a ela
Marica, eu não sou marmota
Um dia eu entro aí dentro
Te dô umas par de bicota
E se seu pai percebê
Nóis imo morá em Brotas

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