Luares e navalhas (anástrofe)
AnástrofeEscarra seus filhos nas ruas e dita suas regras e dou-lhe tesão
Negra é a roupa do asfalto, um trapo de céu pelo chão,
Aonde se julgam os vivos e mortos que buscam a estrada p'ra ressurreição.
Cortejos de almas penadas que seguem em qualquer direção
Bebidas, bueiros, boates, palácios, puteiros e prevaricação!
A noite é mais quente que o dia de longe se vê o clarão
Quem teme o destino da noite se esconde à espreita perdido em si mesmo na escuridão...
Refrão:
...Incandescente, trevas podem cegar. Se vê tão claramente quando a luz se apagar.
Tem sangue na ponta da agulha, é a grana que manda aplicar,
É forro de seda encher a barriga dos porcos que esperam o jantar
É farta a mesa e o banquete a carne é pra quem quer comprar
Cinderelas se esfregam em maurícios e as bichas no ofício se exibem ao luar...
Refrão:
...ceder ao vício não é estar na prisão. É prazer de entrar no hospício, pra curar a razão.
O lobo uiva histórias pra São Jorge e pro dragão.
Crianças fervem bruxas no calor do caldeirão.
Declamação:
Todo instante é perecível, só à solidão é infinita. Se todo crime compensa, faz a liberdade maldita. O tempo é rei, mas se deixa passar. A noite não espera, nem manda buscar.
Refrão:
Vem pro sacrifício porque a virgem é pagã. Morrer já no início ou estar vivo amanhã.
Corre que o sol manda a vergonha se esconder. A noite abre as pernas que é pro dia nascer.