Linguiça de língua
Barreto e barroso- Uai, que negócio de idioma é esse, cumpadre?
- Idioma é língua, cumpadre
- Uai, eu perfiro o idioma de vaca com batata ensopado
- Uai, não é nada disso, cumpadre
- Então o que é?
- Vamo mostrá aí cantando, né?
- É, cantando é mió
- Então vamo lá)
É verdade matemátia e ninguém pode negá
Que essa história de gramátia só serve pra atrapaiá
Também a língua estrangêra só veio pra complicá
É mió nóis acabá com isso pra todos sabê falá
(- Mas é memo, cumpadre, não se pode nem andá nessa cidade que é só estrangêro
- Mas isso é verdade
- Pois até minha muié agora deu de falá enrolado
- Toma cuidado com a tua muié
- Sartei!)
Vi dizê que na Inglaterra um pé de sapato é chu
Sendo assim logo se vê, dois pé tem que sê chuchu
Chuchu pra nóis é legume, no duro não é boato
Os inglês de lá se arrume, que vão comendo sapato
(- Tem cada sapato por aí, em cumpadre?
- Perfumado
- Ah! é puro queijo)
Em francês o gato é chá, quem tomá chá bebe gato
E quem tem gato tem chá, pode crê não é boato
Me descurpe seus francês, mais nóis lá no arraiá
Não bebe xícara de gato nem come prato de chá
(- Cumpadre, pros peito deve sê bão, né?
- É, pra acabá com a ronquêra
- Pois é
- Vamo pra Itália)
Na Itália, minha gente, eu não sei por que razão
Que burro lá é mantêga e passa burro no pão
Desse jeito pra mim chega, viva nóis lá do sertão
Onde mantêga é mantêga, não se come burro não
(- Tamém cortá um pãozinho de duzentos réis e botá um burro no meio deve sê difícir, né?
- Ah! não vai cabê
- Pois é
- Vamo vortá pro Brasil memo
- Vamo lá)
No Brasil como é sabido o falar é engraçado
Pode tê ou tá difícir vistí blusa emprestado
O outro vai respondendo, o teu gorpe foi errado
Pois gaita aqui no meu borso é mato bem capinado