Voz de mãe
Bê oVolta cedo pra casa
Menino ouve a voz da tua mãe que diz
Volta cedo pra casa
Menino ouve a voz da tua mãe que diz
Volta cedo pra casa
Volta cedo pra casa
Vê se volta pra casa
Carrega seu patuá
Na sua pele áfrica
Muita fé pra abençoar
Sem dar chance pro azar
Tentando se situar
Nesse mundo bagdá
Não se pode recuar
Para poder triunfar
Sozinho o menino do olhar perdido
Aflito no mundo que fabrica o bandido
Esperto na cena, sua face é suspeita
Rua escura, ele se camufla na viela estreita
Estampado na peita a marca da vez
Como ele a conseguiu tanto faz, tanto fez
Quando tinha sete na fúria com o canivete
Hoje completa onze e faz o corre da doze
Se identifica com o procurado na revista
A droga já o domina e ele sem saber se vai, se fica
Mas óh que fita, vários manos da quebrada
Que cresceram comigo envolvido nas fita errada
Aí mulecada, foco na missão
Atentos para os conflitos que nos traz a ostentação
1997, Quando cheguei aqui
Mundão que já tava bom de nos confundir
E eu cresci vendo a corrupção
Viatura que chegava e não acabava com a função
Vários irmãos que já estavam só o pó a procura de pó
Na garganta aquele nó, mó b.o.
Quando nóis percebeu
Que o menino da função tinha a mesma idade que eu
Fugiu dos braços de morpheu, sem chances de sonhar
Caminhando no breu, sem sair do lugar
Carrega seu patuá
Na sua pele áfrica
Muita fé pra abençoar
Sem dar chance pro azar
Tentando se situar
Nesse mundo bagdá
Não se pode recuar
Para poder triunfar
Agora ele é notado nas pistas ou na notícia
Às margens da sociedade, na mira das milícias
A responsa segue a risca, ele não perde tempo
Foi essa a forma que encontrou pra garantir o seu sustento
Vendendo, passando, tirando do outro
Que tem muito mais pra ele que tem tão pouco
Pipoco! Ele não sente medo
Com os pés já calejados no caminho do veneno
Ave maria! Perdoa os tantos pecados
Deste menino protegido por anjos armados
Um fato social, não é culpa de ninguém
Notei que no ato fatal quem engatilha é refém (também)
É muito além dessa cena de terror
O menino não foi filho de doutor
Sem herança, sem esperança
Se drogando pra esquecer seu passado as más lembranças
A lei é a lei é tudo muito claro
E os homens da lei não vão deixar barato
Na pele é marcado um histórico de injustiças
Na pele preta, parda ou mestiça
Vida breve, breve vida, quanto vale meu suor?
Quanto vale a liberdade do menino digno de dó?
O sonho é caro mas pra quem desacreditar
Assiste o seu triunfo a lá bagdá
Carrega seu patuá
Na sua pele áfrica
Muita fé pra abençoar
Sem dar chance pro azar
Tentando se situar
Nesse mundo bagdá
Não se pode recuar
Para poder triunfar
Menino ouve a voz da tua mãe que diz
Volta cedo pra casa
Menino ouve a voz da tua mãe que diz
Volta cedo pra casa
Menino ouve a voz da tua mãe que diz
Volta cedo pra casa
Volta cedo pra casa
Vê se volta pra casa