Bruno de la rosa

A estrada e o violeiro

Bruno de la rosa
Sou violeiro caminhando só
Por uma estrada caminhando só
Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só
Parece um cordão sem ponta
Pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra
A terra de lado a lado
Estrada de sul a norte
Eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte
De dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço
De amor, de vida e de morte
Eu que já corri o mundo
Cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo
E a visão maior que a sua
Muitas coisas tenho visto
Nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto
Neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso
Pra contar o que eu assisto
Trago comigo uma viola só
Para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só
Porque sozinho vou à pé e pó
Guarde sempre na lembrança
Que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança
Mas a terra continua
Segue em frente, violeiro
Que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro
Na procura da alegria
Pois quem anda noite e dia
Sempre encontra um companheiro
Minha estrada, meu caminho
Me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho
Quem vai lá na minha frente?
Tanta gente, tão ligeira
Que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro
Fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra
Vai na frente um povo inteiro
Sou uma estrada procurando só
Levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só
Choro e meu pranto é pau, é pedra, é pó
Se esse rumo assim foi feito
Sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito
Desafio e desafino
Mudo a sorte do meu canto
Mudo o norte dessa estrada
Em meu povo não há santo
Não há força e não há forte
Não há morte, não há nada
Que me faça sofrer tanto
Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Que eu também quero
Um dia poder levar
Toda gente que virá
Caminhando, procurando
Na certeza de encontrar
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