Caim

Amoral

Caim
Era o casal perfeito, o homem certo, o bom partido matrimonial
A mulher objeto disfarçada de futura mãe angelical
Trocavam mais do que carícias
Se amassavam nas poltronas do busão
Nas mãos tanta malícia desejando o ato urgente da copulação

E levantavam as saias, esqueciam outros passageiros
Olhares ligeiros a incomodar a vista
Mesmo que já conformados
Era até mesmo engraçado
Presente aos punheteiros
Era a moral habituada

Era macho e fêmea em ato sexual
As testemunhas recatadas e excitadas com o sexo casual
Mas condenaram o carinho
Entre dois homens e duas fêmeas no busão
As suas mãos entrelaçadas era o abuso moral da situação
E levantavam vozes agredindo o amor entre os humanos
Impondo os seus enganos

E o casal perfeito em paz sobre as poltronas
Ardendo em chamas
Já gozados e levianos
Mas na moral não há bandeira feminista
Não tem acúmulo para a diversidade
Não há bondade para o amor marginal
Mas amoral é ser um bígamo machista
E ser aceito como fruto da verdade
Falta bondade pra aceitar o que é normal

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