Chão vermelho

Lucarna

Chão vermelho
Virei a noite
Contando estrelas
E pegando vaga-lumes
Li um livro de piada
Presente da professora
Risquei o muro de casa
Com folha de “maravalha”
Botei palito no olho
Fiquei acordado mais uma hora

Viro pro lado não consigo dormir
Casa de aranha em tudo quanto é parte
Muita luz divide o teto furado
Lucarna...

Cadê o sol que não chega pra mim
Só tem uma isca de luz aqui
Muita fresca na casa quebrada
Lucarna...

É turbulento fazer tudo ou não fazer
Dever o fim ao começo que era nada
Preso com força por uma coleira oculta
É bom querer lucarna...

Já é passado o suspiro ofegante
Da língua taxa que falou discretamente
Há suspense no berço do desconsolo
Melhor querer lucarna...

Tamanho é pouco... pode explicar que não é nada
Do meu cachimbo entupido, aço carne e ouço rádio
Fisguei a eira nem beira... tropecei foi na mangueira
Quebrei só a perna de um grilo que me acordou sexta feira

Pra quê a imagem de 100 reais no descampado?
Pra quê esse grilo tomando banho no aquário?
Jogue a bóia e veja que é bom sorrir
Da risada sem graça

Do outro não sou eu quem passa fome
Não sou eu que não tenho o que vestir
Mas tem alguém que se lembra de mim
Com uma lucarna...

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