Cinara ribeiro

Pérola negra dos sonhos

Cinara ribeiro
Quando vi a estrela clara
Com os olhos de Dandara
De angola tinha cheiro
A beleza era tão rara

De um sangue borbulhando
Me fervendo te senti
Vi a pérola mais negra
De uma voz que de encanto
fez nascer o meu sorri

Guerreiros zumbis e quilombos
Nos palmares desse chão
Dos guetos raízes, tambores
Poetas da libertação
E o grito ainda ecoa
vai pairando pelo ar
Faz um lequede gostoso
Meu coração bate forte
Em sonho me ponho a cantar

Raiz de batuque
Atabaque do rito, da rota
Destaque da troca de passo
Compasso!
Passe pra que o nosso império contra-ataque
Estrela do céu, bem, junto com a do mar
Vem se encontrar na terra
Guerra que até tom tem
É dom, é bom, é som, é sim
É seu, é meu, tambor, também

Joia tão jovem e rara!
Minha cara senhora
Não se penhora o coração.
Aurora do forro
Ora é vista de morro
Canto de adoração

Ação! Pulsação!
Dando sangue e suor sem açoite
Da cor da dor do amor
Clamor da boa e meia-noite

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