Clarisse grova

Boêmio

Clarisse grova
Eu gosto mesmo é de sair e andar
Andar a esmo pra nenhum lugar
Ver as meninas por prazer de olhar
De um canto de esquina
Ou de um balcão de bar

Sempre me esbarro com mais um xará
Filo um cigarro e volto a caminhar
E na fumaça que some no ar
Deixo a imaginação voar

Eu gosto da ronda da noite que tem luar
Num subúrbio distante
Ou na beira do mar
O vai e vem dos amantes
Num hotel vulgar
Os vitrôs de um bazar

Na paz do silêncio da noite
É tão bom pensar
E eu também gosto de assoviar
Uma canção prum coração
Que vive de ilusão sonhar

Eu gosto muito é de poder prosar
Qualquer assunto que alguém puxar
Num breve encontro por aí
Sei lá
No ponto dos músicos
Ou no bilhar
Sangue boêmio eu sinto em mim pulsar
Acho que é um prêmio
Se eu souber levar

Torço pra noite de lua chegar
Pois sinto a rua me chamar

Eu gosto do que já faz parte da noite já
O pregão do jornal
O cordel popular
Os malandros, os bêbados, o trottoir
Vida de Deus dará
Meu bem faço parte da noite
Quando eu passar
Se quiserem eu posso cantar
Uma canção
Prum coração
Cansado de ilusão chorar

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