Clarisse grova

Cravo e ferradura

Clarisse grova
Primeiro foi um som leve
De peneira peneirando
O mar de idéias de um louco
A água dentro do coco

Foi crescendo entre palmeiras
E tambores batucando
Um balbucio, um rugido
Um som de tragédia e circo
Som de linha de pesca
Som de torno e maçarico

Veio um som de escavadeira
Bate-estaca, britadeira
Um som que machuca e lanha
Som de caco, som de tralha
Era um som de mutilados
Quebrando gesso e muleta
Um som de festa e batalha

Ah, era um som que me orgulhava
Som de ralé e gentalha
Era o som dos prisioneiros
Som dos Exus catimbeiros
Ai, era o som da canalha
Trovão, forja, baticum
Som de cravo e ferradura
Dez mil cavalos de Ogum!

Esse é o som da minha terra
Som de andaime despencando
De encosta desmoronando
De rios violentando
As margens do meu limite
Samba, samba, samba
Pulsas em tudo que existe
Vazas se meu sangue escorre
Nasces de tudo o que morre

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