Romance do pito apagado
Comparsa sureñaSem nem me pedir, eu garboso lhe alcanço o fósforo riscado
E agora dança a fumaça saída do pito de brasa incendiado
Que repousa nos lábios que parece que pedem um beijo roubado
E eu nesse compasso de pito prendido, enxergo o avesso
Espero que a brasa consuma o fumo, esse tempo é seu preço
Então saco pro baile de pernas e braços que muito conheço
A malvada morena, que só pelo jeito já sei que mereço
Ai morena cheirosa, me empresta um carinho que eu to precisando
Descobrir os segredos dos cabelos negros que vou alisando
Ai morena manhosa, vai mentindo amor que vou acreditando
Que o lindo do romance é esse faz de conta que vamo inventando!
E no fim do bailado um convite pra copa, é o caminho a seguir
Bem no pé do ouvido uma cosca de leve e já te faço rir
E no estender da charla quando escuto o teu “sim” vejo um sol a se abrir
Deixo o baile de lado e procuro uma porta pra gente sair
E agora te entrego todos meus carinho que eu tinha guardado
Escrevendo um poema por sobre teu corpo todo enluarado
E depois que arremato revejo em teus lábios um pito apagado
E sem nem me pedir, eu garboso te alcanço um fósforo riscado