O engraxate
Craveiro e cravinhoDe um passageiro na rodoviária
Foi interrogado por aquele homem
E ele contou sua vida precária.
Eu não tenho mãe, nem conheço meu pai
Eu vivo no mundo quase sem guarida
Com uma família eu moro de favor
E aqui nessa praça derramo o suor
Pra poder pagar um prato de comida
Dizem que mamãe era muito bonita
E com um boiadeiro ela se casou
Porem pouco tempo, depois da casada
Aquela união o destino cortou.
O marido dela, homem sem juízo
Se apaixonou por uma mocinha
E desfez o lar sem pensar no futuro
Pois aquele homem de coração duro
Deixou a esposa no mundo sozinha.
Sobre carregada de desilusão
Ela foi viver longe dos parentes
Levando no peito no coração magoado
E um filho que estava gerando em seu ventre
E ao nove meses na maternidade
Ela me deixou e foi com Jesus
Pois infelizmente não nos conhecemos
Após alguns anos eu fiquei sabendo
Que mamãe morreu ao me dar a luz.
Ao terminar aquela história
O rosto do homem banhou-se em pranto
Abraçou o garoto e assim foi dizendo
Perdoe menino, seu pai errou tanto.
Somente agora que fiquei sabendo
Que minha esposa a tempo morreu
Nesta hora tomba todo meu orgulho
O tal boiadeiro de coração duro
Oh, filho querido saiba que sou eu.
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