Dolinha de 20
Daniel contiLogo depois do tempo do onça
Cresci ouvindo as boates
E olhando as mulheres na Carvalho de Mendonça
Se eu aprendi a viver foi na Duvivier e ali pelas tantas
Eu fui perdendo a vergonha
Fumando maconha na Rodolfo Dantas
Na Praça Arcoverde a minha coragem ficava covarde
Mas aprendi a domar o meu medo mais cedo que tarde
E o negócio é o seguinte
Dolinha de vinte no bolso da calça
Descendo a Ladeira do Leme
A lembrança não treme mas anda descalça
Perdido nos movimentos do Edifício 200
Entre coxas macias
Rua Barata Ribeiro
Brilhava o luzeiro na boca dos dias
Na Praça do Lido um velho mendigo
Soltava um muxoxo
E enquanto o dia raiava
A gente cantava na Belfort Roxo
Se o Rio é de Janeiro
Copacabana só começava em dezembro
Férias, verão, liberdade
Não sei se era assim mas é assim que eu lembro
Mas a praia onde aprendi a nadar
O progresso cobriu com um aterro
Como se a minha alegria de infância
Não passasse de um erro
Da piscina do Copa ao Beco da Fome
Era tudo verdade
Hoje tudo mudou, eu mudei
Pra bem longe, fui morar na saudade
Sou do Posto 2 e tanto tempo depois
Nessa vida cigana
Foi só me lembrar pra entender
Que eu nasci pra você, Copacabana