Status quo
Daniel contiJogam filhos libertos contra um mundo abstêmio
Inventando sorrisos seduzidos por prêmios
Um incêndio afasta quem não guarda o silêncio
Longe na avenida marcham muitos soldados
Que amassam nas botas no coturno dos passos
Na cortina da vida, num porão de cansaço
Na ruína do ventre o vazio de um abraço
Braços seguem em frente, bombas caem ao lado
Corpos que ninguém sente tombam sonhos e rimas
Sangue, carnificina
No açougue um pedaço dessa inércia assassina
Você só quer manter o seu status quo
Ardem em dores meninas numa esquina alheia quando o sexo anoitece
Vírus matam mulheres, homens tossem a peste
Saem gritos feridos da garganta do esgoto onde o tempo desbota
São gemidos atentos, é um medo alheio
São crianças perdidas num vermelho recreio
Entre camas feridas, sonhos ficam de lado
Corpos que nunca sentem tombam feito ruínas
Sangue, anfetamina
No puteiro um pedaço dessa inércia assassina
Você só quer manter o seu status quo
Vídeos de um caos no oriente
No perfil de um vidente que inicia uma prece
Só mais um acidente, um ateu que falece
Morre às vezes bem perto
Um maldito que acena pra um santo que esquece
Num jejum de atitude, horas dormem no ponto
Bênçãos calam vontades, glória aos hinos de roncos
Glória à paz e à bondade, vade retro coragem
Corpos que não se importam ganham árias divinas
Sangue, dor clandestina
Todo sono é um pedaço dessa inércia assassina
Você só quer manter o seu status quo