Digão

A Ópera dos malandros

Digão
Chapéu panamá, terno de cambraia
Um bom malandro tem que ser salgueiro
Guia no peito, rei na boemia
Tem água de cheiro perfumando a academia

Sou eu, assim sou eu
Malandro nessa ópera de rua
Caminho protegido pela Lua
Canta salgueiro que esse mundo é meu
Do morro aos nobres salões
Sagaz, eu risco chão em qualquer praça
Com a graça de um barão da ralé
Quem é de boa noite vem pra roda
Me desculpem as senhoras
Malandro é malandro, mané é mané

Carteado, capoeira, cabaré sou eu
Na ginga do corpo não vai me ganhar
O amor me chama conquisto a dama
Se a sorte vira, boto a gira pra girar

Poeta das mesas de bar
Filosofia de luta e de paz
Corpo fechado, mente aberta
O malandro enverga mas não quebra
E mesmo se o dia quiser despertar
Malandragem não vou apagar, sair de cena
Vivo nas esquinas e calçadas
Na força da fé e do patuá

Alma carioca salgueirense
Esse poema vai eternizar

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