O jardim secreto
Distúrbio verbalE deram por perdida a minha terra prometida.
Agora me internaram aqui... Mudaram o cenário,
Mas eu sei que não era eu ali.
Porém, eu vi, com um gesto me entendi,
Carai... E agora, como vou provar meu álibi?
Sumi e falaram que me afoguei,
Mas antes disso só eu sei o quanto nadei.
Olhe os internos em desafeto... Essa hora é foda...
E eles vão enlouquecer.
Esse jardim está bem quieto... Isso é um mal sinal...
E algo vai acontecer.
Num canto obscuro da mente o demente se rende,
Neurônio doente se encontra ausente ao momento presente.
Um anestésico para me aliviar,
De tanto fazer rap estourei meu maxilar.
Vivo no mundo, na casa do demônio,
Domicílio do pecado, e desafio o seu trono.
Antes de ser criação não tenho conhecimento ao que eu era,
Mais eu vim com muita unção.
Sempre mocado, com os loucos infiltrado,
Observando a social de quem tem o sentido tapado.
É meia noite, cadê meu antipsicótico?
Minha alma grita: "quero meu diagnóstico!"
Eu to eufórico no jardim secreto,
Enquanto oro pra ti seu comportamento é inquieto.
Você pensou demais e agora está travado,
Só que meu manual não avisa que sou batizado.
Cadê a porra do beat? Põe pra tocar.
Truta, não demora porque interno quer rimar.
E se pesar é só anormalidade,
Nós te amarra na mordaça e te fala umas verdades.
Eu sou o hóspede que vive no jardim.
O éden do pecado quer reviver em mim.
Me causa febre, mas eu renunciei,
E anuncio a você que só Jesus é meu rei.
[Há mais de vinte anos preso numa era (morta), num jardim que só regam lucidez aos insensatos. Onde poetas regam as flores sem raízes.
Internos sem limites, não se limitem.
Se enfrentem ou se agridem.]
Deguste esse braço que te cobre. Roguem enquanto podem.
O puro não é mais nobre e meu céu só sofre.
Estou rodeado por todos que conhecem meu destino.
Mil álibis destroem meu lítio, porra, perdi o equilíbrio.
Não necessito da razão pra pensar.
No jardim travam a guerra, ódio e amor na trena mesclam.
Quem doma essa peça não entende a voz que berra.
Solto e preso nessa terra sendo devorado por mil feras.
O doutor do novo globo mental
Deturparam as ovelhas, do plano matéria ao espiritual.
Minha conduta me banha no jardim sem flores,
Cavucam minhas dores sabendo a dor que sinto.
Internado no internato sem chance de defesa.
Não me rendo na fenda que rendam o conformismo.
Estou perdido nesse núcleo de vivência,
Aonde nada existe é mentira a transparência.
Insano como essência, sim.
Eu vejo o bote, menino... Como cortar o pulso almejando prazer nisso?!
Solitário dentro de mim vendo o começo do fim.
Quando o trem passar... Pe vi... preso no jardim.