Poeira
Edilma januárioQuando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de são joão
Eu perguntei a Deus do céu
Porque tamanha judiação
O sertão esturrica e a vida complica
E é gente a sofrer poeira
Que seca danada quebro a enxada
Meu calo a doer poeira
Doer de incerteza
Doer de tristeza
Doer de viver poeira
Doer nessa estrada
Que vida malvada é doer só doer poeira
É triste essa cena passarim cai a pena
E a terra a tremer poeira
Tudo se acaba meu boi corre a baba querendo beber êi poeira
Já me mandei de lá êi rêi
Não pude ficar viu
A seca é tanta a fome me espanta
E onde eu vou parar
Abandonei meu lar êi rêi
Não pude ficar
A seca é tanta a fome me espanta
E onde eu vou parar êi poeira
Parar pra pensar que tudo tá sem jeito
Rio mostra seu leito
É o nordeste a penar poeira
Entra ano sai ano neste desengano
Me ponho a chorar
É triste essa cena passarim cai a pena
Já me mandei de lá
Abandonei meu lar
Parar pra pensar que tudo tá sem jeito
Abandonei meu lar
Me mandei de lá
Parar pra pensar
A seca fez eu deserdar da minha terra