Coice no saco
Francisco vargasQue eu andava de retosso com a crioula Frederica -
Por causa de uma lambança quase um homem se complica
Eu vivo com uma baixinha que apelidei de nanica
Cria lá de Catuçaba, da raça brava dos Bica.
Bem na hora do almoço
Se jogou no meu pescoço igual uma jaguatirica.
Encrenquei com a mulher velha
Foi pior que briga de foice
Murchou as duas orelhas
E quase me capa num coice.
Caiu um oitão do rancho e nós peleando enfurecido
E ela saltou pro terreiro, já deu um nó no vestido -
Me sentou uma marca touro, vinha em rumo ao meu ouvido
E se eu não caísse fora em dois tinha me partido.
Por causa do tal fuxico, veja o quanto eu tenho sofrido,
Com essa mulher endiabrada
Louca das ventas rasgadas que não respeita o marido.
Meus tarecos eu reparti com a chinaredo da vila
E agarrei as rédeas do mundo e no bolso sem nenhum pila
Todo o taura corajoso na estrada arruma a mochila
E o amor desencontrado, quando não mata, aniquila.
Longe desta cascavel levo uma vida tranqüila
Foi e não me arrependi
Só Deus sabe o que eu sofri nas unhas dessa gorila.
Quanto aos corcóvios da vida tem que ser macho e ginete
Morar no olho da rua quem já teve palacete -
Saí alumiando o sabugo, no rabo trinta foguetes
Já anda encostando a cerca quem quis puxar meu tapete.
Arrependida e chorando, manda recado e bilhete
Comenta que ainda me ama
Sente saudade da cama do cuiudo do Alegrete.
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