Sinto orgulho do que sou
Francisco vargasPois nesses versos eu vou desfazer as aparências
Ganhei do mundo experiência já que cresci sem estudo
Hoje eu sou um pouco de tudo que existe em nossa querência.
Sou laço em mãos de campeiro que em lida de campo é mestre
Eu sou a flor do campestre nas manhas de primavera
Sou um velho umbu de tapera, sou raça de um povo guapo
Herdei sangue farrapo de gerações de outras eras.
Eu sou a chama crioula que o tempo jamais apaga
Sou entrevero de adaga nos bolichos de campanha
Sou o velho frasco de canha, água benta que o gaúcho
Bebe pra agüentar o repuxo bebendo em querência estranha.
Sou rancho de pau a pique, sou ramada pra fandango
Sou boleadeira, sou mango, sou bota, espora e guaiaca
Sou lança revolver e faca, sou calmo me reconheço
Também depois que embrabeço nem tempestade me ataca.
Sou floreio de cordeona, sou chimarrão de erva boa
Sou o próprio pago em pessoa, ser justo o mundo me ensina
Lombo duro é minha sina, não dou nem quero conselho
Só vou curvar o joelho perante a força divina.
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