Culto em culto, sobre o pacto.
Franklin manoArranhando o madeiro
De olhos fechados
Deixando que as mãos guiassem os meus sentimentos
Do sangue que escorreu das unhas,
Do suor que umedeceu meu corpo,
Com as lágrimas que pingaram dos meus olhos,
Enfim na madeira a sua imagem já talhada,
Colori com a tinta que de mim nasceu
Que só pra ti se fez...
E esculpi com pedaços de estiletes finos
Na minha face à imagem mais perfeita
Que de outro humano em um humano já se fez
E declarei em meio a essa dor intensa
A vontade enorme e infinda
De um dia nos dois enfim sermos três
E delirei dançando sobre o sol e a chuva
Ultrapassando dopado, noites e dias
Ofuscando a luz e colorindo a sombra
Pra fazer a declaração de amor
Que nunca nesse plano
Anjo, humano, ou espírito já fez...
E lapidei as palavras brutas
Pretendendo colocar em cada uma das letras
As poesias que um dia pra ti eu fiz
E sobre a cortina de bambu
Joguei álcool, risquei o fósforo e incendiei
Pra aquecer o amor adormecido
A fim de reenlaçar o laço que se desprendeu
E sobre o suspiro mais agonizante
Peguei a faca e me cortei
Na dor imensa sorri
Na loucura de ressuscitar
O que era vivo e morreu
O figurino das roupas novas que vesti
Há duas horas atrás: gritei, rasguei.
E com os trapos dessa seda imunda
Umedeci nas lágrimas que chorei
E limpei minha carne nua e podre
Sujando os trapos com o sangue
Que de mim pingou, que de mim te fez.
E selei o pacto mais caro
Para simbolizar a maior prova de amor que inventei
Na traição que vejo
Mas não acredito
Desse amor-perfeito-falso que vislumbrei
Mas me prometa que nunca serão ditas
As palavras que você me disse
A outro alguém
E peguei a caneta e escrevi no papel
Detalhando ainda mais os fatos que já narrei
E amassei as folhas
Tal rascunho, no lixo joguei,
E prometi em meio há lágrimas e surtos de insanidade
Esquecer de tudo que lhe contei
Em meio a tudo isso, perdi a razão,
De ti fugi, em mim meu eu se perdeu outra vez,
Aluado não sou mais líder,
Obedeço inconscientemente à lei
E preso nessa camisa de forças
No sanatório enfim parei
E que o tempo feche as feridas
Que embora hoje não doam
Sangram toda vez
Destilando na pureza do sangue
Todas as poesias que não te dei.
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