Gil lucas

Boato

Gil lucas
Ela levou minha identidade, vencida
Assim eu cumpri a minha parte no contrato
A pequena delícia, sorridente e contida
Agora está com meu antigo retrato

Espero que o entregue e seja atendida
Não que eu seja um poeta barato
Mas ela, ao que parece, se fez sob medida
No momento em que tive, com a tua pele, contato

A primavera era mais labor
Quando teu riso soava, estridente
Pelas frontes, moldurado em vetor
A poesia vagava, sorrindo e contente

Se fez tatuagem na minha alma banida
Agora, rememorando o meu primeiro ato
Lembrei que quando te vi, estava de partida
Fiquei, conversei, fui espontâneo de fato

Guardei tua voz, teu sorriso, parti sem despedida
Inventei outro acaso, criei um novo boato
E beijei teus lábios pra curar minha ferida
Cintilante, vertente, voraz como um pecado

A primavera era mais labor
Quando teu riso soava, estridente
Pelas frontes, moldurado em vetor
A poesia vagava, sorrindo e contente

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