Puramente misturado
Gilberto nascimentoGilberto Nascimento
PURAMENTE MISTURADO
De: Gilberto Nascimento
Pureza, pai, não, não
Pureza mãe, não, não
Pois, pureza não faz minha cabeça
Junto crenças, culturas, etnias
No caldeirão da miscigenação
Pureza, pai, não, não
Pureza, mãe, não, não
O tempero plural é a garantia
De encontrar minha forma de expressão
Eu que nada puro quero
Nunca quererei, espero
Juro o puro em mim é zero
E me sinto, lhe asseguro
Duramente profanado
Se nado em rio cristal
Puramente canibal
Vivo bêbado na fonte
Bandeira-Drummond-Cabral
Mas, Zé Limeira é a ponte
Minha sina, minha rima
Minha mina, meu igual
Toda zorra que jorra dessa fonte
Transparente, brilhante pra retina
Do esgoto mais sujo e agonizante
Trouxe vida e forma cristalina
Se há pureza é nos sonhos dos meus filhos
Se há pureza é nos sexos das meninas