Inerte

(re)negociação

Inerte
Por onde devo começar?
De quando deixei palavras por dizer
ou da vingança que jurei e não cumpri?
Agora pouco importa!
Se já não cumpro o que prometo
e não sou mais quem finjo ouvir.
As placas desta avenida dizem: "Tanto faz!"
Enquanto a carne sangra
até dispenso a vida calma
A felicidade é sempre tão fugaz.
E no silêncio virulento que hoje me escapa
cuspo um mar de desprazeres viçosos
desenterrando sentidos
que desde sempre martelam meus ombros
Soluço um grito por entre os dentes
um brado ao infinito
Isso nem sempre me faz sentir
Resistir é tão pouco
quando a altura dos muros determina
o valor de suas obsessões
Sussurrando frases que já foram berradas
aqui não se sente nada que não seja o mau cheiro
de uma liberdade cativa e infectada pela agonia.
Sim, nos tornamos bons soldados e já não temos muito a dizer!
Só nos resta a lembrança do tempo em que pensávamos ter escapado.
Uma atmosfera de eternidades reduzidas a pó.
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