A maluqueira
Insurreição!
Andar num piso estranho
E não reconhecer paredes ao redor
Não quero fechaduras
Nem portões
E não reconhecer paredes ao redor
Não quero fechaduras
Nem portões
Pairar no ar castanho
Usando máscara pra não tragar o odor
E pra ninguém sacar minhas emoções
Pois sou como um ator
Sou bicho cênico
Que toma diariamente doses de arsênico
Só pra manter no rosto esse semblante cínico
Em dias enfadonhos
Eu rasgo cédulas pra repensar o amor
Eu vou além das teletransmissões
Sou duro como estanho
Sou sumidouro e me desfaço qual vapor
Eu ironizo as orações
Porém eu nunca quis representar um sádico
Nem nunca vou sorrir naquele ato trágico
Só finjo firmeza e raciocínio lógico
De tanto ver arder nesse povo sem eira
A radiação sem filtro nem peneira
Meu peito se contorce
E a raiva é maluqueira.
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