Tanta coisa brota do chão
No mesmo chão tudo é soterrado
O sedimento o sentimento
O pesar na argila aglutinado
Converte em barrento
O solo do eterno momento
Terra dura, firme certeza
Demente desliza

Toda a pele é esfolada no açoite
Adeus às marcas de nascença
A linhagem a linguagem
E a fé que existe na descrença
Agora não uso plumagem
É casca dura, fuselagem
A pele tão sensível ao toque
Blindada feito tanque

A primavera sopra sangue
Meu coração bombeia brisa
Suor escorre pelo tronco
A seiva me encharca a camisa
Já não cedo ao solavanco
Me enraizo com afinco
No pedaço que herdei
Da terra que cultivei

É quando a chuva torrente
Traz necessária nutrição
Pra que germine a semente
Pra que ecloda a insurreição
Crescida em desejo pungente
Regada de contravenção

Ninguém pode podar os galhos do nosso querer
Ninguém pode furtar os frutos do nosso prazer

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