Quando canta um pajador
Jadir oliveiraA natureza emudece
O vento solta uma prece
Num sacrossanto respeito
O rio se aquieta no leito
O campo abre-se em flores
Os pássaros multi-cores
Se esquecem de cantar
Só pra poder escutar
O canto dos pajadores
Quando canta um pajador
A poesia se refaz
É uma bandeira de paz
Hasteada em prol do amor
Pra o poeta sonhador
É bem mais que uma bandeira
É a mensagem verdadeira
Anunciando aos demais
Que todos somos iguais
E o canto não tem fronteira
Quando um cantor se desdobra
E uma guitarra se exalta
O que no mundo anda em falta
Tenho na alma de sobra
E cada verso é uma obra
Com destino diferente
Que surge como vertente
Do manancial mais profundo
Depois de rodar o mundo
Retorna sempre pra gente
Quando canta um pajador
Até o próprio vento escuta
E uma paz absoluta
Brota na alma do cantor
Um sorriso estanca a dor
Pra noite parir o dia
Torna-se livre a poesia
Sempre que um verso se escapa
Desenhando um novo mapa
Na estampa da geografia
Quem canta a alma do povo
Traz alento à própria alma
Quando a guitarra se acalma
Meu verso nasce de novo
Me emociono, me comovo
Porém nunca me disperso
Nos confins desse universo
Ecoa meu canto forte
E nem mesmo a própria morte
Pode silenciar meu verso