Fronteiriça procedência
João de almeida netoTenho puer berço meu sagrado chão fronteiro
Cruzando as léguas do rio grande de allá
Abri porteiras no meu mundo de campeiro.
Um par de estrelas cantadeiras nos garrões
O aba larga, o campomar prá o tempo feio,
Moldam a estampa do centauro das estâncias
Quando eu e o pingo nos unimos pelo arreio.
Refrão:
Nestes galpões enfumaçados da fronteira
Pitando um baio cevo um mate de "yerba buena"
E, satisfeiro, ao recorrer as semarias
É que agradeço pelo dom de ser torena.
Domas, esquilas, alambrados e tropeadas,
Revelam o bronze com a suor de sol-à-sol
E o timbra macho de "eira boi, forma cavalo",
Durante as charlas se traduz num portunhol.
Força no braço para o laço e o marca-touro,
E um desempenho com perícia na encilha
Sou tapejara dos embates do destino
Que só a prenda com carinhos põe rendilha.
Crioula essência de gaudério e pêlo duro
O martin fierro é a minha referência
Apaisanado na fusão de duas pátrias
Tive outorgada a fronteiriça procedência.
Refrão...........................
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