João mulato e douradinho

História da minha vida

João mulato e douradinho
Eu nasci numa data feliz. Sem meu pai que eu me criei.
Quinze anos de idade eu já tinha. Quando o grupo
escolar eu deixei.
Trabalhando na lida pesada. Minha mãe viúva sustentei.
Enfrentando as misérias da vida. Fui lutando e nunca
reclamei.
O destino é traçado por Deus. Na luta da vida nunca
fracassei.

Me ajustei foi numa comitiva. Fui ganhando só trinta
por mês.
Nós viajamos lá pra Mato Grosso. Na fazenda do seu
Martinez.
Meu patrão lá comprou uma boiada. Setecentos zebu
jaguanez.
Na contagem o mestiço Fumaça. Escapou foi no meio de
três.
Eu joguei meu laço de rodia. Lacei nos dois chifres as
orelhas salvei.

Fazendeiro ficou admirado. E falou faça isso outra
vez.
E mandou soltar o boi pantaneiro. Nessa hora meu laço
aprontei.
Quando o bicho pulou na mangueira. Atrás dele também
eu pulei.
Pra mostrar que sou guapo na lida. Foi de pialo que o
boi eu lacei.
Pantaneiro rolou na poeira. Segurei nas guampas e o
laço tirei.

Esta minha natureza não tem frio e nem calor.
No mato sou ventania no jardim sou beija-flor.
No campo sou cobra verde na viola cantador.
Dentro d'água sou um dourado e no laço sou laçador.

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