De bigode repartido
Joca martinsum "bailezito" campeiro!
Que ao índio mais caborteiro
"le gusta batê fervido!"
Um salão de chão batido
onde o gaúcho, se espiando,
esquece a vida bailando
de bigode repartido!
Um gaiteiro distraído
olhando para as percantas,
vai animando a bailanta
numa vaneira, perdido...
E "às vez" um mal-entendido
faz com que o taura, berrando,
pare rodeio peleando
de bigode repartido!
E, depois do "assucedido"
monta no flete seguro
que sabe enxergar no escuro
o rumo desconhecido...
Traz aguçado o sentido
o pingo de quem peleia
e topa a volta mais feia
de bigode repartido!
Chega assim, amanhecido,
na estância após o domingo,
saca os recaus do seu pingo
e encilha um baio temido,
que sai teso e recolhido,
troteando de lombo duro
e o índio prevê o apuro
de bigode repartido!
Não se assusta o prevenido
quando o baio se escancara...
De repente esconde a cara
não se dando por vencido!
Mas sente o choro doído
da espora mordendo o couro
no garrão do índio touro
de bigode repartido!
É assim o tempo vivido
de quem é livre qual vento,
não se enreda em casamento
nem em nada parecido
habita o campo estendido
no ofício de campereá-lo
e cruza a vida a cavalo
de bigode repartido
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