Joca martins

Pelo fio da crina

Joca martins
Fiquei no grampo do arame
Sem bênçãos pra um recomeço
Perdi a sombra do mouro,
Achei meu mundo no avesso...

Não quis chorar e fui pranto
Quando entendi que era outro
Igual no espírito livre,
Mas diferente no corpo.

Voltei só, um fio da crina,
Antes fui parte do mouro
E ainda guardo os segredos
De pêlo, cascos e couro.

Pedi pras horas dos ventos
Que bordoneavam seu canto,
Pra repetirem minha prece
Sobre a saudade do campo.

Ou me levassem de volta
Banhado, aguada e coxilha
Pela razão dos silêncios,
Que dormem junto à tropilha.

Onde abriguei tantas noites
E seus feitiços de lua
Quando fui trança nos dedos
De alguma ‘santa charrua’.

Que talvez cuide do mouro
De mim, pra os olhos de tantos
Apenas um fio da crina,
Que ficou preso num grampo.

E achou na sombra do arame
Seu próprio mundo ao avesso
Pra o sereno, feito lágrima,
Benzer um novo começo.

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