Sábio do mate
Joca martinsUm velho de barbas brancas que tudo entende...
Das trenas, das longitudes, dos astrolábios
Encerra tudo o que apaga, tudo o que acende!
Na água – suave remanso – de rio tão largo,
Na erva verde-coxilha virgem de arado
Procuro a luz do caminho dentro do amargo
No sábio que me responde, mesmo calado...
Pra ele não há segredos, não há mistérios...
Por velho, sovou as rédeas do coração...
Talvez por isso, a lo largo, todo o gaudério
Aceita tantos conselhos do chimarrão!
Quem ouve o sábio do mate, sabe da vida!
Mateia, assim solitário, com toda a calma...
Pois no silêncio do mate, em contrapartida,
Se escuta a voz experiente da própria alma!
Pois dormem dentro da cuia: pialos, bravatas!
A história desta querência em seus alfarrábios,
Sorvida pela memória em bomba de prata...
No fundo desse meu mate habita um sábio!
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada...
Começa outro caminho se um chega ao fim...
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim!
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