Filhos da mãe d'Água
JunúCheio de sorte bateu palma e dançou
Dos índios herdou a sua sina
Soprou pife e não mais desencantou
Segue o tempo de lâmina cortante
Debandando outros rumos da historia
Nos mostrando que as lendas Cariris
Ainda vivem num encanto a sua glória
Entoando uma gaita, hoje pife
Invocou os seus Deuses numa dança
E previu de um tempo em que se vissem
Forçados a sumirem sem lembrança
Poditã vou fumar minha esperança
Pois por ti sou pajé e raizeiro
Warakdzan me veio e disse em sonho
Badzé vai baixar no meu terreiro
Mãe Iara serpente sagrada não perdi minha fé
Ê mãe d'água és Deusa sem mágoa que habita o sopé
Na zabumba de dançante pancada
Segue o tempo numa louca melodia
Meu suor então mostra em minha face
Um semblante que eu desconhecia
Monto um vento que corre pra chapada
Vou a mata entregar-me ao que me chama
Numa fonte então vejo a minha imagem
Sou caboclo minha alma não se engana
Mãe Iara serpente sagrada não perdi minha fé
Ê mãe d'água és Deusa sem mágoa que habita o sopé
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