Pôr deux sóis
LavoltaCada um por si erguendo
Torres de babel
Entre a revolta e a tradição
São só palavras que hoje ditas
São em vão
Sob a égide de qualquer um Deus
Justificam vícios –
Assim é fácil ter fé
Mas quem se importa? Tanto faz
Se ter para ser é ter prazer
Mas quem se importa? Eu já não sei
Quero o bem de quem o bem faz
Dizem que o sol sobre o mar
É o mesmo que seca as anáguas todas que já viu chorar.
O outro sol é esse, escuro, no musgo da claridade
Desconcretizando o indivíduo muro.
Quem sabe antes, no berço do meu mundo
Pudesse escolher brilhar o primeiro,
Se já não brilhasse o segundo
Se você usa eu também quero usar
Na ilusão de saciar
Toda essa maldita vontade
Mas quem se importa? Tanto faz
Se ter para ser é ter prazer
Mas quem se importa? Eu já não sei
Quero o bem de quem o bem faz
Ver o sol nascer sobre os outros, sobre nós
Vendo sol tecer sobre os outros nossos nós
Se o sol não nascer, virão outros como nós
Mas o sol vai nascer... Para os outros, nascer.