Lavolta

Sublimar

Lavolta
Não é esse o fim que espero
Não desejo o eterno desespero
Nada se separa ao olho
Mas nada se disfarça ao desapego

Sigo a sina que me acena
Mas nego a pena como a venda cega
A reza a prece apressa e cessa
A luz da vela apaga e me revela

Todo o escuro que eu insisto em refutar

Viver melhor sem esse sol vermelho
Do pó ao pó, como eu no espelho
E ante a queda, asas vão faltar
E todo medo é sempre medo demais

Ante a queda errante, a quebra
Torna cada instante angústia eterna
Que, como uma sombra terna
Escura como a tarja, assombrará

Passam pelos dedos, sombras
Sobras que eu nego, ou finjo não ver
Passam pelos ombros, sedas
Secas sob sol do anoitecer

Pelo pedaço de céu que habito, sublimar

Pra ver melhor o sol cair vermelho
Distante e só como eu no espelho
E ante a queda asas pra lembrar
Que todo medo é sempre cedo demais

Eu cansei
Da língua que abomina a cor
Da cor que abomina o sexo
E disseca o que não conhece
Nem comece

É falácia flácida pra face ácida da classe a
É a parafilia que eu lia, fobia, folia, foie gras
É a nota que esgota a cota da frota e outorga derrota
É a divulgação de ideologia da idade média

De frente
Pro espelho
Pra ver o sol vermelho
Eu, lado a lado
Com o meu lado alado

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