Meu poema teu
Luís valérioPro roteiro adaptado da comédia dos meus dias
Tenho saido de casa vestido só de verdades
Talvez por certa arrogância e a recusa de esconder-me
Só que isso de jogar-se de penhascos em palavras
Inunda todas as cenas de absolutas sentenças
E em meu ar de indiferença de alguém nunca indiferente
Vivo em meu laboratório dos afetos controlados
E quando posso navego pra ilha da minha verdade
Que mesmo tornada instante sustenta o fio dos meus dias
Onde ando em cordas bambas sobre a rede dos amores
E em arenas de leões que se acalmam com cantigas
E às vezes cavo poemas no solo de meus segredos
Que testemunham honestos meus persistentes ensaios
E querem que sejas cúmplice do meu mapa de viagens
Já que a horda dos poetas é a legião das solidões
E caso estejas atento prum certo tom angustiado
É provável que um dos homens que habitem em teu peito
Reconheça nesses versos que nasceram por vontade
O fel das próprias palavras e o doce ainda guardado.