Tristeza chamamecera
Luiz carlos borgesCom um assento guaranyetê
O mel que adoça um pouco
A tristeza índia do chamamé
Do olhar manso do cacique
Vendo o último tapé
Pingou a angústia sangüínea
Que anda nas veias do chamamé
Ficou enredado aqui dentro
O pio tristonho de uma irerê
E um gosto de fruta agreste
Do céu da boca do chamamé
Olor de touros e pumas
Cordeona hoje eu sei porque
Tu tens um cheiro de malva
E de flor do campo do chamamé
Às vezes quieto e solito
Olho esta terra tupamba´é
E a mágoa que turva os olhos
Sai pelos dedos num chamamé
Canção dos ranchos posteiros
Será sempre o meu payê
Se até o vento maleva
Quando assobia é um chamamé
Por isso eu canto sempre
Com esta prosódea aváñe´é
E o grito de quem não grita
É o sapucay do meu chamamé
Olor de touros e pumas
Cordeona hoje eu sei porque
Tu tens um cheiro de malva
E de flor do campo do chamamé
Que o grande tupã me guarde
Com este entono imaguaré
Que eu tenho a sina costeira
De pés descalços sem cachapé
Tocando mi m´baracá
E embalando este sonho añe
Vou morrer crucificado
De gaita aberta num chamamé!
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