A memória da pedra
Luiz marencoPor eterna, a vida inteira
Que um dia ficou no campo
Cansou de ser boleadeira.
A pedra da boleadeira
Nesta terra se perdeu
Mas nos meus olhos de campo
Um dia assim, renasceu...
Brotou do ventre da terra
Com paciência secular
Esperando pra ser vento
E assim, de novo voar.
Não voou por muitos anos
Perdida das outras duas
Mas sempre guardou a forma
Redonda, em feito de lua...
Foi surgir desenterrada
Do mesmo jeito que veio
Junto de um cocho de sal
Num parador de rodeio.
Pela lembrança da terra
Muitos séculos de história
Que guardou fundos de campos
No rastro de sua memória...
Por fora suja de terra
Mas com mistérios por dentro
Mostrando o vinco do couro
Bem recortado em seu centro.
Trezentos anos talvez!!!
Renascida sobre a terra
Mansa, serena qual pedra
Quem já foi arma de guerra.
No alto de um coxilhão
Bem onde foi esquecida
Ganhou palavra de terra
Pois meu olhar lhe deu vida
Das mãos de um índio charrua
Pra minhas mãos de campeiro
A pedra da boleadeira
Tem sempre rumo certeiro...
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