Cansando o cavalo
Luiz marencoAndei cansando o cavalo
Tocando o gado por diante
Mandando a vida pra frente
Sabendo que o Sul pra gente
É bem maior do que tantos
Tamanho os olhos dos outros
Querendo o verde dos campos
Andei rodando esporas
Sovando tantas badanas
Trazendo junto dos tentos
Minha querência em rodilhas
Olhando a alma dos campos
Renascer junto às flechilhas
Mesmo que o verde mais lindo
Fique pra lá da coxilha
Por estas léguas
- Manda cavalo!
Mas vai tranqueando por diante
Que o mango vem de regalo
Mas ando sempre no tranco
Que minha prosa aguenta
Pois meu gateado sustenta
As coisas quanto ele quer
Se tem o mundo por conta
Coiceia chirca e se some
Trocando a lida de ponta
Perdendo a doma dos homens
Pra quem olhasse depois
Duas estampas pacholas
Levando o verde nos olhos
E a querência à bate-cola
Nem se daria por conta
Que o sustento vem da gente
E só bebe a melhor água
Quem descobrir a vertente
Por estas léguas
- Manda cavalo!
Mas vai tranqueando por diante
Que o mango vem de regalo
Só quando a lida me deixa
Descubro o mundo que eu vejo
Um pouco além da coxilha
Tão as coisas que eu desejo
Pra dizer bem a verdade
São bem iguais às daqui
Mas sempre canso o cavalo
Só pra dizer que eu vi
Por estas léguas
- Manda cavalo!
Mas vai tranqueando por diante
Que o mango vem de regalo
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