Final de seca
Luiz marenco
Prás bandas do poente, ergueu-se uma barra
Calou-se a cigarra, assim de repente
E um som diferente, ponteou de guitarra
Calou-se a cigarra, assim de repente
E um som diferente, ponteou de guitarra
Lá longe bem longe, faísca e troveja
Silêncio de igreja, com ecos de bronze
Nas preces do monge, no amém do assim seja
(Tropeando a lonjura, o tempo que berra
Farejo mais serra que o vento procura
E a chuva madura traz cheiro de terra
E a chuva madura traz cheiro de terra
O tempo desaba, o mundo se adoça
Na água que empoça, mais mansa ou mais braba
A seca se acaba, e tudo remoça
A seca se acaba, e tudo remoça)
Nas almas sedentas, não é diferente
As barras do poente, que se erguem violentas
Depois das tormentas, acalmam a gente
Se as safras perdidas, tivessem gargantas
Podiam ser santas, da searas da vida
São tão parecidas, as almas e as plantas
A seca se acaba, e tudo remoça
A seca se acaba, e tudo remoça
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