Sangue pampa
Luiz marencoLevando a léguas de estrada sangue pampa e descendência
Pesando a marca da estância queimada na flor do couro
Boiada gorda e alguns touros que vão povoar a querência
São quase quinhentas rês formando um corpo parelho
Mescla de branco e vermelho da própria origem da raça
Cambeando um pago por outro no mando de um tropeiro
Que viu nascer esses terneiros e a vida fazer negaça
Enxerga maior a tropa quem na culatra reponta
Que às vezes até perde a conta olhando a mesma paisagem
Por diante rumo e destino, pra traz a marca dos cascos
E a sombra rubra nos pastos por onde vai de passagem
Hoje por estes caminhos que se abriram em tropeadas
O tempo se fez de estrada marcando cascos de bois
E há de seguir pra sempre empurrando tropas mansas
De pampas que nas balanças serão sustento depois
Coisa linda ver uma tropa tocada no corredor
Mas só quem vai no fiador avista o pago primeiro
Afina a ponta e encordoa, refaz a conta nas tarcas
E depois bate na marca pra só esperar no potreiro
Quem olha de olhos rasos talvez nem se dê por conta
Que junto à tropa desponta bem mais que a raça do gado
Mal comparando esta tropa pela estrada se estendendo
É o sangue pampa correndo nas veias do nosso estado!
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