Eu sou
Mão de oitoDe uma pequena parte da população
E tenho acesso a algo além da mediocridade
Que hoje paira sobre mim
Mas mesmo assim
Eu me transformo em algo que não sou
Sem passar por qualquer tipo de identidade
No cinema samba o que for
Geralmente estou ligado a uma cultura supostamente brasileira
Construída com muito carinho e sofrimento
Sobre situações nas quais eu nunca vou viver
Mas isso, não me representa nenhum problema
Eu pago caro e me aproprio de algo
Que nunca será meu
Desconsidero e nem sequer eu desconfio
Do tamanho e da escuridão do breu que eu me enfio
O meu lugar
Eu acredito que não seja aqui
Aonde vou encontrar a felicidade
Renego tudo que aprendi
Mas não faz mal
Chamo os meus amigos de aluguel
Faço da minha casa um grande terreiro
E no teatro faço o meu papel
Mesmo sem ter que trabalhar por meu dinheiro
Eu gasto tudo porém o meu conteúdo
Fica fora do personagem que eu quero ser
Não esqueça então que vivemos em uma cidade
Essa sim com uma grande responsabilidade por tudo ou quase tudo
Que você é agora
E pode acreditar que ela estará de braços abertos
Quando de uma vez por todas você quiser ir embora