Caipira ambulante
Marcos violeiro e cleiton torresSe contar todas da uma história
Vou falar das que lembrei agora
Falo do sitio onde nasci
Tinha caça e pesca de montão
Pra atravessar o ribeirão
Meu pai de encho e formão
Uma canoa de tambori
Tinha remo de sucupira
O cinto da calça era de imbira
Eu era um verdadeiro caipira
Quando eu morava ali
O destino me trouxe aqui pra cidade
Me sinto preso atrás das grades
Não estou suportando a saudade
O que eu estou fazendo aqui?
Trabalhava todos os dias
Cansaço eu não sentia
Nos fins de semana me divertia
Nos bailinhos de mutirão
Nos domingos eu jogava bola
Chupava guavira e graviola
Comia arroz de caçarola
Na panela de ferro tutu de feijão
Um objeto eu chamava de trem
Fazia compra no armazém
Pra pagar pataca e vintém
Tinha réis e tinha tostão
Tinha pelo semelhante amor e carinho
Trocava dia com os vizinhos
Comia caça e passarinho
Bebia água sem poluição
Me proibiram queimar a paiada
Tive eu abandonar a enxada
As terras foram mecanizadas
Tinha que usar fertilizantes
A roça tive que abandonar
Defensivos não pude comprar
Não dei conta de custear
As despesas estavam constantes
Sendo honesto arruinei minha vida
Minhas terras foram vendidas
Pra pagar duplicatas vencidas
Hoje eu sou vendedor ambulante
Eu vivo vendendo importado
Pra ganhar o pão dou um duro danado
Choro ao recordar meu passado
Mas sigo em frente com Deus no semblante
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