Morro num lugar sagrado, debaixo do céu azul
Olhando no firmamento, vejo o Cruzeiro do Sul
Numa choupana coberta, com folha de babaçu
Ali beirando o banhado, à noite eu ouço o piado
Da cobra Jaracuçu

Meu ranchinho fica perto, de uma moita de bambu
De manhã eu me desperto, com revoada de anu
Na horta além de verdura, tem parreira de chuchu
Um pouquinho mais abaixo, tem um pequeno riacho
Onde eu pesco Tambiu

Levanto de manhã cedo, e preparo meu angu
Pego rumo do roçado, sou firme no Guatambu
Passo o dia capinando, marmelada e caruru
Eu cuido bem da rocinha, porque é minha safrinha
Que garante meu tutu

Eu tenho meu vira lata, mestre pra caçar tatu
Espingarda Taquari, pras caçadas de inhambu
Carregada pela boca, seus tiros não dá chabu
A tarde beirando aguada, na capoeira fechada
Eu também caço Jacu

Quando é tarde calorenta, fico meu jururu
Pra poder me refrescar, vou pra sombra do bambu
Busco coisas do passado, lá no fundo do baú
Tiro a viola do guancho, sento na porta do rancho
E canto meu cururu

Se me chamam de caipira, eu não faço sururu
Assumo que sou matuto, ando feito um gabiru
Chapéu velho na cabeça, cinturão de couro cru
Não vou morar na cidade, porque na realidade
Eu sou um Jeca Tatu

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!