Meu poncho
Matheus leal
Meu poncho antigo
Com sua baeta encarnada
Igual ao matiz do pampa
Quando rompe uma alvorada
Com sua baeta encarnada
Igual ao matiz do pampa
Quando rompe uma alvorada
Permita a comparação
Parece um carnal sangrando
Talvez um sol maragato
Da lenha que vai queimando
Meu poncho véio
Que mostra sua flor madura
Coloreando do avesso
A sua própria moldura
Meu poncho amigo
Companheiro das tropeadas
Um galpão pra minha alma
No frio de alguma pousada
Parceiros da mesma essência
Campeiros do mesmo ato
Escutem o meu silêncio
Só pela imagem dos fatos
Faço minha própria estrada
Nos caminhos da fronteira
Sobre a anca do meu flete
Meu poncho é rancho e bandeira
Comigo andou em peleias
Onde cruzam os ventenas
Mas também serviu de catre
Para o sono da morena
Por isso quando eu me for
Parceiros tirem o chapéu
Por respeito vou levar
Meu velho poncho pra o céu
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