Amor cruzado
Miguel gizzasSou um coração errante que se acende com um par de velas
Tenho uma cama larga e fria e ainda tão vazia
Que espera toda a noite, só chegas no raiar do dia
Demos vida a duas vidas, homens de poucos palmos de altura
Que ouvem as tuas histórias porque as minhas não são de aventura
Das vezes que desapareces, desta casa que esqueces
Que espera que regresses de pensar que és feliz na loucura
Pura e dura
Eu sou um cidadão do mundo, para mim não há fronteiras
Amo o saber profundo, amo as serras e ribeiras
Sentir o frio nas veias, ter o sol como pano de fundo
E gosto dos prazeres da vida e do salto no escuro
Vivo a noite absolvida, vivo no tempo inseguro
Não conheço quem procuro, vivo da alma desmedida e dividida
Sonho momentos que em conjunto vivemos fugindo ao dia a dia
Momentos que enchem uma alma devolvendo-lhe a ousadia
Só que tu sais sem dizer nada, só chegas de madrugada
Com a alma adulterada e perfumes de uma noite agitada
E eu sem nada
Talvez um dia o cruel mundo te devolva à casa de partida
Talvez um coração partido meça de outra forma as cores da vida
Talvez eu ainda esteja à espera, nem sempre se desespera
Quando o sonho recupera uma esperança que andava perdida
E sem saída
Eu sou um cidadão do mundo, para mim não há fronteiras
Amo o saber profundo, amo as serras e ribeiras
Sentir o frio nas veias, ter o sol como pano de fundo
E gosto dos prazeres da vida e do salto no escuro
Vivo a noite absolvida, vivo no tempo inseguro
Não conheço quem procuro, vivo da alma desmedida e dividida.