Numismata

Todo o céu e essas pequenas coisas

Numismata
Quase sinto a sua falta
Enquanto cai a chuva fina
Misturada ao odor
De urina velha e gasolina
Sigo alheio às marquises
Não levo nome ou adereço
Abro mão da sorte e do destino
E pago o preço
Garis expulsam os últimos pivetes
Camelôs e manicures abarrotam as lotações
Nos calçadões vazios, se espalham os indigentes
No minhocão em obras, juntam-se os travestis e os pedintes
Vejo o sol morrer na Nove de Julho
E o anhangabaú voltar a se mover
Intermitentemente no escuro
Como eu queria ser
Um geraldo filme, um Vanzolini
Pra tornar eternos
A solidão e o adeus
Mas eu só tenho às mãos,
Só tenho às mãos esse chorume
Nem sempre se pode ser deus
Com todo o céu e essas pequenas coisas
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