O campo e a cidade

Rio-lisboa

O campo e a cidade
Eu queria ser um belo par
Num dia de frio
Eu queria ser um belo par
Pra sua memória

Andar na areia de mãos dadas em Copacabana
Depois chegar até o Leme, e num abraço
Ver o pôr do sol

E aí, o amor acontece
Mesmo sem querer
E o mar, como cúmplice
Presenteia como todo o teu azul

Olá, como vai?
Qual é o seu nome?
Pode ser Julieta ou Dulcinéia

Quem sou eu? Quem sou eu?
Quem sou eu? Sou Romeu
Seu Cervantes, cavalheiro dos moinhos, duque, nobre
Ou plebeu

E aí, nas montanhas
Se desfaz tudo em terra clara
E aí, Gentileza
Das paredes, respinga sobre a praia
E o mar, como cúmplice
Leva embora, e é o fim da nossa história

Eu penso em ti, tu pensas em mim
Não há nada entre nós
Nada, a não ser o Oceano
Nada, a não ser o Brasil

Há a solidão, desencontros, atropelos, e a minha imaginação
Há o desarranjo dos ponteiros dos relógios
Das horas que mostram e entranham na carne a passagem daqueles primórdios

Aos pasteis de Belém
Que nunca comemos
Ao verde e o azul, as praças, outonos
Caminhos, visões

Meu passado é um catálogo que registra os meus fracassos

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